De Zero a Cem

Para onde vão os blogs?


A Gawker Media tem uma resposta

Nick Denton, criador da rede de blogs americana Gawker, publicou essa semana detalhes de como serão afinal as drásticas mudanças em seu layout, anunciadas com muito alarde desde o início do ano.

Mesmo com a estreia oficial acontecendo apenas em janeiro de 2011, o novo desenho já pode ser acessado colocando-se beta. antes do endereço atual dos sites da rede, como em beta.io9.com e beta.gizmodo.com.



O vídeo acima, publicado na última quarta, apresenta as novidades da reformulação que procura destacar o conteúdo exclusivo produzido pelos blogueiros da rede, dando a eles maior importância do que aquelas postagens feitas a partir do conteúdo filtrado de outras fontes.

Como falou meu xará, a principal mudança para que isso aconteça acaba por quebrar uma dos axiomas mais clássicos do formato blog: a ordem cronológica reversa de publicação. Saem do topo "as postagens mais novas" e entram "a escolha dos editores".


De fato, não faz mais sentido uma rede de blogs com o porte e o ritmo de atualizações como a Gawker deixar de publicar por algumas horas apenas para que seu post mais popular no momento continue na área nobre do site. No novo layout, as escolhas serão feitas de forma editorializada, como acontece em sites de revistas.

Assim, contrariando o sucesso de tumblrs, a tendência do minimalismo e dos layouts de seção única, a barra lateral volta com força, sendo promovida a um mega índice interativo que muda dependendo da página em que está o usuário.

Na imagem da capa do io9 acima vemos que a barra apresenta as últimas postagens publicadas, mas já em páginas internas como na imagem do Gizmodo logo abaixo, temos as mais populares por lá. Aliás, com essa nova arquitetura toda página é uma nova capa.


A barra lateral tem navegação própria independente do restante do site: o conteúdo se move, mas ela fica fixa, lembrando os aplicativos de tablets de revistas.

Deve (e tem que!) funcionar inclusive muito bem em dispositivos com tela sensível ao toque, porque sem uma daquelas roda no mouse ou um trackpad preciso, não sei como vai ser para nós meros mortais que não temos ainda um iPad. :P

Além isso, a barra ganhou também botões e uma ferramenta de busca, que quando acionada atualiza somente sua área, mantendo a postagem apresentada na tela intacta. Já qunado o usuário clica em um item da listagem, o navegador carrega apenas o conteúdo solicitado. (Ajax rules!)


Reparem também no imenso destaque que o conteúdo audiovisual deve ganhar com o novo desenho; inclusive o publicitário que vai agora interromper a navegação do usuário de tempos em tempos com anúncios em vídeo em meio às postagens.

Um novidade também relacionada aos anúncios é que eles vão passar a ser vendidos por faixas, com patrocínio de marcas para determinadas transmissões especiais e séries de posts que são publicadas sempre no mesmo dia e horário. É a lógica da TV aplicada a web!

No post em que procura explicar porque quer ir além do blog, Nick é categórico ao falar desse super mashup de meios:

"... ele representa uma evolução do próprio formato do blog que transfromou a mídia online nos últimos oito anos. A internet, a televisão e as revistas estão convergindo; e a estratégia mais acertadada vai fundir o que há de melhor em cada meio."

Tirando algumas resalvas que tenho quanto ao modelo de negócios que ele propõe, ainda intensamente baseado em pageviews e visitantes únicos, acredito que o caminho - pelo menos quanto ao visual - seja por aí mesmo: investir mais em imagens e ilustrações, fixas ou em movimento, e em "diagramações" de página únicas para cada artigo.

O fato é que a linguagem de programação para a web evoluiu de forma muito mais acelerada do que os sites se renovaram nos últimos anos, especialmente depois de anunciadas as primeiras especificações do HTML5 em 2008.

Reconheço as dificuldades de interoperabilidade e também a falta grana para o investimento em um meio que ainda não se sustenta. O cenário está mudando, felizmente.

No entanto, também acredito que falta, principalmente, coragem para inovar de verdade. Mesmo com reformas, tudo é ainda muito parecido, principalmente nos sites de notícias... Nisso, como já falei uma vez por aqui, o impresso (por enquanto) ainda faz melhor. Mas, vocês me aguardem...

Nos comentários, quero conversar com vocês sobre a experiência de acessar a Gawker 2.0; Deixe aí seu depoimento!

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