informação, entrevistas, debates, dramatização e poesia
Olha; todo mundo sabe como é difícil falar sobre o trabalho de quem se admira. Mais difícil ainda, seja talvez falar sobre uma pessoa tão polêmica e invejada (?) no meio em que você escolheu trabalhar. É com essa difícil tarefa que me propus a escrever sobre o Pedro Bial e um piloto seu exibido no fim de 2009 que me deixou desconcertado:
Pra começo de conversa é impossível encaixar o programa em um só gênero. Ele é sem dúvida um mix que se apropria de várias linguagens, tanto cinematográficas quanto televisivas, para recortar a realidade, tal qual fazem os documentários; ou esses tais especiais, como gostam de classificar os programas que são exibidos no mesmo segmento chamado Globo News Especial que transmitiu o piloto.
Em suma, diria que Assunto amplia a níveis microscópicos os infinitos subtemas de uma das temáticas mais exploradas e discutidas pelos humanos: o medo da morte. Na realidade, talvez eu fizesse ainda um outro recorte. Esse piloto nos fala sobre a relação com o Homem x Tempo.
Em suma, diria que Assunto amplia a níveis microscópicos os infinitos subtemas de uma das temáticas mais exploradas e discutidas pelos humanos: o medo da morte. Na realidade, talvez eu fizesse ainda um outro recorte. Esse piloto nos fala sobre a relação com o Homem x Tempo.
Ao longo dos seus quase 41 minutos de duração (que parecem passar em 15), Pedro Bial nos conduz por uma narrativa extremamente fragmentada que mistura sua experiência como um exímio entrevistador com sua questionada habilidade de fazer poesia de tudo.
Para facilitar a minha análise e a sua compreensão resolvi tentar isolar os fragmentos que compõem o programa e contar o que achei de mais interessante em cada um deles.
Para facilitar a minha análise e a sua compreensão resolvi tentar isolar os fragmentos que compõem o programa e contar o que achei de mais interessante em cada um deles.
A mesa redonda e as fontes
Diferenciada no vídeo pelo uso do p&b essa é a "seção" que dá liga ao todo. Frases entrecortadas, mas com ideias bem resolvidas esclarecem ao espectador em que pé andam as discussões propostas a todo instante pelo programa.
Entre o elixir da juventude, cirurgias plásticas e outras divagações, as opiniões de fontes das mais diversas áreas (músico-compositor, geneticista, gereontóloga..) parecem nunca querer convergir, o que enriquece o debate no programa e informa muito mais do que aquelas insonsas sonoras de 7 a 12 segundos largamente usadas em telejornais.
Entre o elixir da juventude, cirurgias plásticas e outras divagações, as opiniões de fontes das mais diversas áreas (músico-compositor, geneticista, gereontóloga..) parecem nunca querer convergir, o que enriquece o debate no programa e informa muito mais do que aquelas insonsas sonoras de 7 a 12 segundos largamente usadas em telejornais.
Passagens e poesia
Como não poderia deixar de ser, ao famigerado estilo de texto do jornalista, com sua conhecida alta dose de metáforas e licenças poéticas, juntam-se passagens visuais interessantes como essa acima: enquanto todas pessoas na cena parecem andar para trás, o homem com a carroça segue em frente. Poesia pura. Mas, não se engane. Elas fazem, no fim, um sentido... quando são colocadas lado a lado a um trabalho de jornalismo científico sério. A poesia é o entretenimento do programa.
Para coroar o estilo do programa não faltaria as entrevistas únicas que o jornalista sabe fazer como ninguém. Elza Soares e Oscar Niemeyer são dois personagens que dão as caras no programa com suas experiências de vida transbordando pelos poros. Ela, enérgica e polêmica... Ele, centrado e calmo... Dois extremos que balanceiam o que para mim são os melhores momentos de Assunto: a busca pela eterna juventude.
Obviamente, há toda uma equipe de produção por trás das pautas, das perguntas e da pesquisa para se realizar um programa dessa complexidade. É esse o trabalho valorizado nos momentos de dramatização; segmentos esses que além de ilustrar passagens históricas, complementam o debate quando fazem o espectador pensar e refletir sobre o que está sendo exposto.
Talvez esteja aí o maior trunfo do formato. Ele não se fecha. Não se preocupa em explicar demais. Ele vem confundir, discutir, propor... Foi isso que me desconcertou. A ousadia que Pedro Bial teve de renovar e levar (pelo menos tentou, pelo que me consta) um modelo de jornalismo proposito a um telespectador-massa, acostumado a engolir, digerir e não saborear.