Há alguns dias fiz uma pergunta via Formspring a uma caloura minha: Por que jornalismo?. Além de me responder (como vocês podem conferir lá na página dela) a Izabela me perguntou o mesmo. Na embalo, a resposta ficou tão grande e complexa que rendeu esse post que você lê agora.
Esse é um assunto que já a algum tempo deveria ter escrito por aqui. É apenas uma daqueles breves passagens que ficam guardadas na memória da gente sobre como a profissão que escolhemos (ou que fomos obrigados a aceitar em alguns casos) entrou na minha vida. Pretendendo fazer outros sobre o mesmo tema por isso o #1 no título.
Minha primeira experiência no jornalismo foi em uma coluna quinzenal que escrevi dos 14 aos 17 anos para um impresso da cidade onde morava. O assunto deveria ser qualquer coisa, mas com uma condição: como dizia o Marcelo Melo, louco e dono do jornal que publicava a coluna, tinha que ser sob a ótica adolescente. Acho que foi daí que surgiu o nome que ele mesmo deu ao espaço: Jovem é outro papo!.
É claro que eu me achava um máximo e hoje, apesar de não me orgulhar de algumas coisas que sairam por lá (como um texto horrendo sobre A origem do carnaval), percebo que aquela experiência foi um imenso aprendizado para um cara que ainda não tinha muita noção do poder que um veículo de comunicação exerce.
Em meio a seções de política, economia e estórias antigas da cidade, ficava lá minha coluna em uma localização que só fui descobrir na universidade que era bem nobre: no alto do canto direito na página central. Uma imensa responsabilidade e uma influência que eu jamais imaginaria ter naquela idade.
Certa vez escrevi sobre meu filme favorito: 12 Monkeys. É uma ficção científica de 95 com o Bruce Willis e o Brad Pitt e que mesmo com esse elenco é um tanto desconhecida do público geral.
Obviamente, o filme não seria tão procurado nas locadoras em 2002, correto? Tantos anos depois do lançamento, seria até bem fácil alugar. Sendo assim, meu pai que ainda não tinha o visto ficou na curiosidade e desceu em um dia de semana comum (acho que uma quarta-feira) e passou em várias locadoras da cidade a procura do filme.
Algumas não tinham em DVD e os VHS já não eram essa coisas! As que tinham o disco, ou já estavam locados ou o filme estaria reservado para os próximos dois finais de semana, graças a uma estranha e crescente procura.
Eu fiquei louco! Procurei saber se tinha saído algo na televisão, ou alguém poderia ter falado sobre o filme em um programa da rádio. Sei lá. Poderia ter sido qualquer coisa, menos a minha coluna completamente irrelevante.
Só foi cair a ficha mesmo quando eu fui procurar o filme, quase um mês depois da coluna sair, em uma locadora perto de casa e a atendente que me conhecia e era minha leitora disse: "Menino, devia escrever mais desses filmes antigos. O tal dos macacos lá não para de sair. O pessoal confia muito no que escreve e tem indicado uns para os outros."
Desde então, nunca mais escrevi qualquer coisa que fosse publicar sem a consciência do quão longe nossas opiniões podem chegar. Prepotência? Arrogância? Olha, já fui julgado de coisas talvez até piores. O fato é que já na faculdade estudei sobre casos como o da Escola Base (até clichê citar esse, mas é o mais conhecido) e comecei a entender como funciona a máquina.
De alguma forma, aquela simples resenha, embasada em quase nada de uma experiência cinematográfica, mudou alguma coisa. Esse é o #1 dos motivos do porque escolhi jornalismo e aquela era uma força que, definitivamente, eu queria e deveria aprender a usar (e pensar) melhor.
De alguma forma, aquela simples resenha, embasada em quase nada de uma experiência cinematográfica, mudou alguma coisa. Esse é o #1 dos motivos do porque escolhi jornalismo e aquela era uma força que, definitivamente, eu queria e deveria aprender a usar (e pensar) melhor.