Não fiz nada acadêmico hoje, tirando o fato de que fomos (eu + Maristela) à missa das 10 - para tirar fotos às 11. Para que as fotos? Estou fazendo uma capa piloto para o OutrOlhar, o jornal laboratório, aqui do curso!
Hoje meu irmão, que sempre me pede para revisar alguns textos dele, me enviou essa crônica aí em baixo. Muito. Muito legal mesmo. Ela foi uma atividade para a disciplina de Redação que ele tem no colégio onde estuda. Os alunos deveriam escrever baseado em charges.
O texto abaixo foi a que ele escreveu. Uma crônica que casa bem com o momento atual de nosso país. Ela é uma crítica, acredito eu, às pessoas que estão apáticas quanto a política nacional já que estão mais preocupadas com o próprio umbigo do que com as eleições de outubro. O que elas não percebem e que no fim tudo está conectado.
A charge é essa e o texto está logo abaixo.
Sexta-feira, depois do trabalho. João chegou no apartamento cansado, sentou em sua poltrona e ligou a televisão para ver o jornal. Percebendo que o jornal havia acabado e que todos os canais estavam passando o horário político, levantou-se e foi direto para o seu quarto.
Deparou com Maria, sua mulher, se arrumando. João perguntou Maria o que estava acontecendo. Maria o lembrou da promessa que ele tinha feito há duas semanas. João, lembrando do pedido, arranjou uma desculpa qualquer para não sair do apartamento. Maria o repreendeu, dizendo que era uma falta de consideração dele com ela, pois ela havia programado tudo há uma semana atrás. João, para acabar com a situação, pediu logo desculpas. Maria, para não brigar com João, aceitou as desculpas, mas o fez prometer que no dia seguinte a levaria para sair.
João jantou e tomou o seu banho. Saiu do quarto, olhou para televisão e percebeu que ainda estava passando o horário político. Foi quando João ouviu uma conversa vindo da cozinha. Foi lá conferir. No telefone, Maria estava contando, para sua irmã Anna, que mais uma vez João não a tinha levado para sair e por isso estava decepcionada com ele. Anna disse que como estava perto do apartamento de Maria, poderia levar ela para jantar fora. Maria não pensou duas vezes e aceitou o convite.
João tossiu. Maria desligou o telefone. Com raiva, Maria tratou João como se não existisse. João percebeu e também não deu a mínima para ela. João pegou algo para comer e foi para sala assistir o horário político, quando se assustou com o grito de Maria na cozinha. Sentado na poltrona, perguntou o que havia acontecido.
- Por que, João? – perguntou Maria com raiva.
- O que eu fiz dessa vez mulher?
Maria vem correndo da cozinha. Em suas mãos estava a camisa que João havia trabalhado.
- Que marca de batom vagabundo é essa na sua camisa? – pergunta Maria, começando a chorar. – Como você pode fazer isso comigo?
- Não é uma marca de batom Maria. – contou João, pensando rapidamente – Isso é tinta da caneta vermelha que usei para corrigir as provas lá da escola. Deve ter encostado sem querer na gola da minha camisa.
- É pode ser... Pera ai! Está muito perto de seu pescoço para ter... – pensou Maria – Seu vagabundo! Você ta tentando me enganar?
- Não pense isso de mim Maria.
- Quer saber! Chega de mentiras! Acabou João! – exclama Maria.
A campainha toca. Maria abre a porta e arrasta Anna pelo braço no corredor do edifício. João vai atrás delas.
- Maria se você entrar nesse elevador está tudo acabado. Você não precisa voltar. – gritou João pelo corredor.
Maria não da liga para João e entra no elevador. João coloca o pé na porta do elevador para não fechar.
– Se você não confia em mim não adianta continuarmos. Para que duas pessoas estejam juntas deve haver confiança. – explicou João - Se você não sair daí você vai me perder para sempre. E ai o que vai ser? – pergunta João.
Maria empurra João e a porta do elevador se fecha. João volta para seu apartamento e senta em sua poltrona. Ele olha para a televisão e vê que ainda está passando o horário político. A vizinha de João e Maria entra pela porta do apartamento de João e o pergunta o que havia acontecido.
- Eu fiz uma grande merda.
A vizinha não entende o que João havia falado e olhando para a televisão pergunta.
- João, o que você acha desse candidato? Ouro, prata ou bronze? – pergunta a vizinha.
- Ferro! – exclama João – Quer dizer... Ferrou!